sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Família...

A sociedade pauta-se pela sua mudança constante, todas as revoluções trazem mudanças para as sociedades desde a industrialização, às guerras, passando pelas revoluções politicas de cada país até à globalização, e todas as alterar a sociedade, os seus padrões e valores alteram também a família.

Do ponto de vista histórico podemos descrever a evolução das noções de família, a família era uma instituição social caracterizada pela união de duas pessoas de sexo diferente que se uniam, quer apenas em co-habitação quer através de um contrato legal e muitas vezes religioso. Em muitos casos esta união significava a criação de uma nova família que co-habitava com os ascendentes de um dos elementos do casal. A Revolução Industrial veio levou a um movimento de indivíduos do campo para as cidades levando a que muitas vezes o contacto com os familiares se estreitasse devido à distância e à falta de canais de comunicação facilitadores, aí as famílias passaram a ser mais independentes da família extensa, formando um núcleo mais pequeno, também o trabalho se alterou fazendo com que o homem assumisse o papel de sustentar a família , acabando por deixar a mulher a cuidar dos filhos, uma vez que enquanto no campo ajudava nas colheitas, na cidade a mesma ficou sem trabalho fora de casa. Mais tarde a Guerra veio obrigar os Homens a defender as pátrias e nações, obrigando a mulher a sustentar a família, não só quando o marido se ausentava mas também quando o mesmo falecia. Todas as conquistas feitas pelas mulheres ao nível da igualdade vieram, alterar as famílias fazendo com que hoje na maioria dos casais, ambos exerçam profissões remuneradas fora de casa, partilhem o trabalho doméstico e a educação dos filhos, no entanto a entrada das mulheres no mundo do trabalho e o acesso à educação veio alterar as perspectivas destas em relação ás suas escolhas e prioridades, como a carreira, os bens desejados, o estilo de vida e o direito de escolher não casar, não formar família e não ter filhos.

Apesar da evolução sentida por todas as mulheres na igualdade de direitos e deveres na família, ainda existe o estigma de que os filhos ficarão entregues à educação das mulheres dificultando a progressão laboral, existindo ainda hoje entidades patronais que olham para a licença maternal como um prejuízo, apesar da evolução em Portugal ao nível da concessão de direitos a ambos os progenitores. Assim temos hoje pessoas que escolhem não ter filhos e não formar família, mas temos também outras formas de famílias que surgiram: as monoparentais em que as crianças estão entregues apenas a um dos progenitores na maior parte do tempo, quer devido a divórcios, ao falecimento do conjugue, assim como devido a escolhas pessoais e a famílias recompostas em que alguém que já teve uma família formada por si, da qual existem filhos e que se desfez quer por falecimento ou divórcio refaz a sua vida casando ou co-habitando com outra pessoa, formando uma nova família.

O casamento encontra-se actualmente a “cair em desuso” dando espaço a apenas uma co-habitação, pessoalmente considero que se duas pessoas pretendem viver juntas formando um casal e dando origem a uma família devem-se casar, assumindo assim uma posição formal perante a sociedade, assim como assegurando todos os direitos e deveres que o mesmo obriga, no entanto tem sido tendência nas sociedades ir atribuindo à co-habitação uma equiparação de direitos e deveres consagrados pelo casamento, apesar de ainda estarmos longe de uma igualdade entre os dois estados, quer a nível legal quer a nível social.

A sociedade foi também abalada por algo que fingia desconhecer: a Homossexualidade, ainda discutida por muitos sobre se será um comportamento desviante, uma escolha pessoal que deve ser livre ou uma doença, a verdade é que hoje à semelhança das reivindicações feministas no seu inicio e no seu contexto, os mesmos reivindicam o reconhecimento legal da sua existência e o direito a formar família e a casar levantando grandes debates nas sociedades.

Também hoje a sociedade se preocupa com situações como a violência doméstica e o abuso no seio da família, tendo-se assistido a uma criminalização da violência doméstica, do incesto, da violação dentro do casal, da violação dos filhos, da pedofilia e da violência para com os filhos, penso que esta preocupação apenas é possível porque hoje a maioria das mulheres já não é totalmente dependente economicamente e é mais instruída, o que lhe permite não aceitar ou se acobardar face a estas situações.

Mas a família também influência o risco de pobreza dos indivíduos, uma família unida que tenha o apoio da família extensa em caso de alteração de rendimento conta com o apoio e a solidariedade desta, nos casos em que a mesma não existe o risco de cair na pobreza é mais elevado, por isso hoje com as sociedades a tender para que o individuo se encontre mais isolado e com a alteração das estruturas familiares o estado é obrigado a ter um papel mais activo e interventivo.

Todas estas alterações, assim como a separação do estado em relação à igreja trouxeram o que muitos chamam de “crise dos valores familiares” em que o casamento à semelhança das outras relações sociais, quer entre país e filhos é encarado não como para a vida mas até quando os indivíduos que estão ligados quiserem, fazendo com que estas ligações essenciais ao saudável estado emocional dos indivíduos não seja estável ou conheça realidades em que a instabilidade começa a ser encarada como estabilidade emotiva.

A sociedade foi também abalada por algo que fingia desconhecer: a Homossexualidade, ainda discutida por muitos sobre se será um comportamento desviante, uma escolha pessoal que deve ser livre ou uma doença, a verdade é que hoje à semelhança das reivindicações feministas no seu inicio e no seu contexto, os mesmos reivindicam o reconhecimento legal da sua existência e o direito a formar família e a casar levantando grandes debates nas sociedades. Actualmente esta é a discussão mais acesa, no entanto muitos aos defenderem esta profunda alteração do conceito de casamento e família, deixam aberta a porta à discussão sobre o surgimento de famílias polígamas (são casais formados por uma pessoa de um sexo e uma ou mais de outro sexo) em sociedades onde até agora eram socialmente e legalmente condenáveis, como o caso de Portugal que proíbe o casamento entre uma pessoa casada e uma terceira pessoa, ainda que os três elementos estejam de acordo.

As alterações sociais familiares levaram a que os governos e as sociedades tivessem de criar novas estruturas como as creches ou que tenham de atribuir aos professores o papel não só de formador, que passa competências técnicas mas também a do educador emocional, devido à ausência de uma organização familiar dos papeis dos progenitores quer por falta de educação para tal quer por falta de recursos.

Todas as alterações têm consequências que tendo em conta o número infindável de variáveis são praticamente impossíveis de determinar com exactidão, pelo que os verdadeiros efeitos das mesmas apenas serão passíveis de verificação no futuro, no entanto seremos incapazes de fazer parar o mundo de avançar e, com este, todas as sociedades.

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